VÍDEO: Jovem autista tem cabeça raspada durante trote e celebra ao ser aprovado em veterinária na federal do Tocantins

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Luis felipe Alves Brandão terminou o ensino médio neste ano e foi aprovado em 6º lugar na Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT). Jovem é destaque na sala de aula e tem paixão por leitura e desenhos. Jovem autista celebra ao ser aprovado no curso de medicina veterinária da UFNT
Com sorriso de orelha a orelha, o jovem Luis Felipe Alves Brandão, de 18 anos, recebe um carinhoso ‘trote’ ao ser aprovado no vestibular. Um vídeo gravado pela família mostra o momento em que ele tem o cabelo raspado e leva uma ‘ovada’ na cabeça. Tudo isso para celebrar a vitória. O jovem é autista e terminou o ensino médio neste ano. Apaixonado por livros e por animais, foi aprovado em 6º lugar no curso de medicina veterinária da Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT).
Nas imagens, dá para ver que Luis não tira o sorriso do rosto ao comemorar a tão sonhada aprovação. “Na verdade, não achei que eu passaria porque no final de ano sempre tem mais gente concorrendo. Quando eu soube, foi um misto de ansiedade, felicidade, foi tudo tão rápido”, disse ele em entrevista ao g1.
A aprovação foi divulgada na última terça-feira (6). A mãe do estudante, Marislândia de Oliveira Antunes, diz que estava tomando banho, quando escutou um grito. Ela perguntou o que tinha acontecido e recebeu uma maravilhosa notícia.
“Ele gritou: ‘Eu passei em veterinária’. Eu já saí logo do banheiro. Ele ficou doido, o rosto todo vermelho. Fizemos chamada de vídeo e ele contou para toda a família. Meus parentes vieram, minha sobrinha raspou o cabelo dele, quebrou ovo na cabeça, foi muito emocionante”.
Jovem autista é aprovado no curso de medicina veterinária da Universidade Federal do Norte do Tocantins
Divulgação
Luis Felipe sempre se destacou na escola. A mãe conta que os olhos do filho brilhavam ao ver a biblioteca, tamanha a paixão pelos livros. Ao longo da trajetória, ele não teve dificuldades no aprendizado. No ensino médio, algo diferente chamou a atenção dos professores. É que o menino, que gosta de artes, começou a desenhar na sala de aula.
“Alguns professores chegaram a achar desrespeitoso, porque o Luis Felipe desenhava enquanto eles explicavam o conteúdo. Mas o desenho aumentou o foco dele. Ele desenhava e enquanto isso, fazia perguntas e entendia tudo. Com o desenho, o foco melhorou ainda mais”.
Desenhos de Luis Felipe são publicados nas redes sociais
Luis Felipe
Desenho feito por jovem autista de Araguaína
Luis Felipe
Nos últimos anos, Marislândia passou a se preocupar com a aprovação do filho na faculdade. Eles conversaram durante o ensino médio e chegaram a um consenso de que medicina veterinária seria uma ótima alternativa.
O estudante fez testes vocacionais, analisou, conversou com professores e se decidiu pela área. Depois, veio a aprovação. Agora, é para valer. O primeiro ano de faculdade começa em 2023, no campus de Araguaína.
“Eu estou ansioso para começar faculdade, conhecer novas pessoas, teoricamente é um novo mundo de possibilidades. Não sei se estou ponto, mas quero muito abraçar esse mundo”, finaliza Luis.
Os desafios do autismo
Jovem autista ganha trote ao ser aprovado em 6º lugar em medicina veterinária, da Universidade Federal do Norte do Tocantins
Divulgação
Luis Felipe nasceu em Araguaína. Sempre atenta a cada passo, não demorou muito para que a mãe percebesse algumas características diferentes no menino.
“Ele quase não chorava, era um menino bonzinho. Eu desconfiei de algumas coisas, por exemplo, quando íamos tirar foto, ele não olhava para a câmera, ele saía com olhos virados para cima. Foi passando o tempo, ele começou a andar e caminhava na ponta dos pés. Ele caía muito, não tinha os reflexos de apoiar com as mãos. Isso tudo com um aninho de vida”, relata ela.
Luis Felipe também demorou a falar. No início, ele apenas apontava o dedo para indicar o que queria. O menino também não gostava de brinquedos, mas se interagia com as coisas que achava no chão, como palitos de dente e de picolé.
Luis Felipe juntamente com a mãe, Marislândia, após a aprovação em vestibular
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“Ele sempre colocava esses objetos na mão. Depois, entendi que ele queria se agarrar a alguma coisa para se sentir seguro. Eu via que ele era diferente, mas não tinha conhecimento do autismo, dos graus leve e moderado. Eu só sabia que existia o grau grave, porque ele tem um irmão por parte de pai que é autista grave. Ele também pegava saquinhos e os amarrava, fazia perfeito, todos iguais”.
Aos 3 anos, o menino foi matriculado em uma escola. A intenção da mãe era fazer com que ele gastasse muita energia e conseguisse se alimentar melhor.
Luis Felipe, jovem autista aprovado em vestibular, sempre foi apaixonado pelos livros
Divulgação
Luis Fernando passou por vários profissionais no Tocantins e em Goiás, até ser diagnosticado com autismo aos seis anos. O menino nunca teve dificuldades de aprendizado, mas se isolava e não interagia bem com as pessoas ao seu redor.
O filho de Marislândia recebeu apoio de profissionais que atendiam na Apae em Araguaína e em pouco tempo passou a apresentar melhoras no comportamento. A orientação e o atendimento na instituição foram essenciais.
“Um ano depois, comecei a perceber mudanças. Ele gostava de ser atendido na sala da APAE. Os profissionais faziam as atividades no local e eu repetia algumas em casa, sempre o estimulando. O autista tem que ser estimulado, respeitado, se sentir seguro e acolhido”, destaca a mãe.
Emocionada por mais um passo na vida do filho, Marislândia olha para trás e vibra com essa conquista. Agora, muito mais segura, ela não tem a preocupação que lhe tirava o sono como antes.
“Eu estou tranquila, ele vaioser ótimo na faculdade. Ele é ótimo em tudo. Eu estou muito feliz”, finaliza ela
Família de Luis Felipe celebra aprovação do jovem em vestibular do Tocantins
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Fonte: G1 Tocantins