Irã executa outros dois homens por participação em protestos

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Subiu para quatro o número de pessoas executadas no país por envolvimento com protestos iniciados após a morte sob custódia da jovem Mahsa Amini. Ao todo, 14 pessoas receberam condenações à morte por conta das manifestações, segundo contagem da agência France Presse. Mohammad Mehdi Karami em tribunal antes de execução no Irã
West Asia News Agency/Reuters
As autoridades iranianas executaram por enforcamento neste sábado (7) outros dois homens que participaram de protestos desencadeados pela morte sob custódia da jovem curda Mahsa Amini. Eles foram condenados pelo assassinato de um paramilitar durante as manifestações.
“Mohammad Mahdi Karami e Seyyed Mohammad Hosseini, os principais autores do crime que levou ao martírio de Ruhollah Ajamian, foram enforcados na manhã deste sábado”, informou a Mizan Online, agência de informações do Judiciário iraniano.
Os dois homens foram acusados de matar o integrante da milícia paramilitar Basij, afiliada ao Exército de Guardiões da Revolução, em 3 de novembro em Karaj, cidade a oeste de Teerã.
Até o momento, quatro pessoas foram executadas no país por envolvimento com protestos iniciados em setembro de 2022. Os outros dois foram Mohsen Shekari e Majidreza Rahnavard, ambos enforcados em dezembro.
Desde o início das manifestações, o tribunal condenou à morte 14 pessoas ligadas a estes protestos, segundo uma contagem da AFP com base em informações oficiais.
Além dos quatro homens executados, duas pessoas tiveram a confirmação da sentença pela Suprema Corte iraniana, seis aguardam novo processo e duas podem recorrer da decisão. Ativistas no Irã dizem que outras dezenas de pessoas enfrentam acusações que podem levar à pena de morte.
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A ONU (Organização das Nações Unidas) criticou as novas execuções e a União Europeia apelou para que as autoridades iranianas “ponham imediatamente fim à prática altamente condenável de emitir e executar sentenças de morte contra manifestantes”.
O tribunal de primeira instância condenou Karami e Hosseini à morte em 4 de dezembro e a sentença foi confirmada pela Suprema Corte em 3 de janeiro. O processo foi descrito como “acelerado” por ONGs de defesa dos direitos humanos.
Seyyed Mohammad Hosseini em tribunal antes de execução no Irã
West Asia News Agency/Reuters
Manifestações no Irã
Os processos têm relação com as manifestações que começaram após a morte em 16 de setembro de Maha Amini, mulher de 22 anos que foi presa por violar o código de vestimenta, que inclui o uso do véu.
Autoridades iranianas alegam que os protestos foram alimentados por países estrangeiros e grupos de oposição, e afirmam que centenas de pessoas foram mortas nos confrontos, incluindo membros das forças de segurança.
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As execuções de sábado ocorreram apesar de uma campanha de ONGs pedindo que Teerã perdoasse Mohammad Mahdi Karami e Seyed Mohammad Hosseini. A Anistia Internacional denunciou um processo “injusto”.
Em meados de dezembro, o pai de Mohammad Mahdi, Mashallah Karami, postou um vídeo nas redes sociais implorando às autoridades que anulassem a sentença de morte contra seu filho.
O advogado, Mohammad Aghasi, escreveu no Twitter que Karami não conseguiu se reunir com sua família antes de sua execução.
Segundo o grupo Iran Human Rights (IHR), sediado na Noruega, Karami tinha 22 anos e, segundo ONGs, Hosseini, 39 anos.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos denunciou neste sábado julgamentos “baseados em confissões extorquidas”. “É chocante que o Irã continue a executar manifestantes, apesar da indignação internacional”, disse a agência no Twitter.
O diretor do IHR, Mahmood Amiry-Moghaddam, disse que os dois foram “sujeitos a tortura e condenados após um julgamento simulado” e pediu “sanções mais duras contra indivíduos e entidades iranianas”.
Teerã já foi alvo de uma série de sanções internacionais em reação à repressão aos protestos.

Fonte: G1 Mundo