Disputa para presidente da Câmara dos EUA entra no quarto dia em meio à disfunção da era pré-Guerra Civil

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A sequência de votações fracassadas marca o maior número de tentativas de eleger um líder da Câmara desde o final da década de 1850. O deputado Kevin McCarthy acompanha o terceiro dia de votação para um novo presidente da Câmara em Washington, EUA, em 5 de janeiro de 2023
REUTERS/Jonathan Ernst
A tortuosa jornada do republicano Kevin McCarthy para se tornar presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos entrou no quarto dia nesta sexta-feira (6), com uma escala de disfunção do Congresso não vista desde antes da Guerra Civil dos Estados Unidos. 
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A Câmara deve se reunir novamente ao meio-dia (14h no horário de Brasília), enquanto os parlamentares negociavam a portas fechadas um possível acordo que os partidários de McCarthy esperam que possa quebrar o impasse e finalmente permitir que ele triunfasse após 11 votações fracassadas desde terça-feira.
“Temos algum progresso acontecendo. Temos membros conversando. Acho que temos um pouco de movimento, então veremos”, disse McCarthy.
A sequência de votações fracassadas desta semana marca o maior número de votações para o cargo de presidente da Câmara desde o final da década de 1850.
McCarthy rejeitou uma sugestão de que ele seria um líder fraco: “Pelo visto, gosto de fazer história”, brincou.
O republicano da Califórnia enfrenta uma divisão partidária entre a maioria dos republicanos da Câmara que o apoia e 20 conservadores linha-dura que continuam a se opor a ele, mesmo depois que McCarthy ofereceu limitar sua própria influência.
O presidente da Câmara dos Representantes, conhecida como “speaker”, é o terceiro posto mais poderoso na política americana. Essa posição daria a McCarthy autoridade para bloquear a agenda legislativa do presidente Joe Biden, forçar votações para as prioridades republicanas em economia, energia e imigração e avançar em investigações de Biden e seu governo.
Mas os republicanos resistentes querem um acordo que facilite a destituição do presidente e lhes dê maior influência na bancada republicana da Câmara e nos comitês do Congresso.
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218 votos
O candidato a líder da Câmara dos Representantes requer uma maioria absoluta de votos para ser eleito. Esse número atualmente é de 218 votos, mas pode ser menor caso algum deputado se abstenha de votar ou não esteja presente.
Apesar do candidato democrata Hakeem Jeffries aparecer na frente nas votações, o partido não tem maioria na Câmara e a possibilidade de ele conseguir os votos necessários é bastante remota.
Um grupo de 20 republicanos mais conservadores rejeitam Kevin McCarthy, apoiado pelo ex-presidente Donald Trump, por ser muito moderado. McCarthy já aceitou muitas das demandas destes deputados, mas a oposição à sua candidatura dentro de seu próprio partido continua forte.
Sem um líder, a Câmara dos Representantes não pode empossar seus novos membros, decidir os integrantes das várias comissões, apresentar projetos de lei, ou abrir qualquer uma das investigações prometidas contra o governo do democrata Joe Biden.
Em 1923, a última vez que teve esse impasse, foram necessárias 9 rodadas para eleger um líder. A votação de 2023 já passou desse patamar e é a mais longa desde 1859, que teve 44 rodadas. O recorde é de 1855, quando teve 133 rodadas em um período de dois meses.
Deputados nos Estados Unidos votam para escolher o próximo presidente da Câmara
Reuters

Fonte: G1 Mundo