7 fatos que marcaram a viagem de Bolsonaro a Nova York

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A ida do presidente do Brasil aos EUA para participar da Assembleia Geral da ONU foi marcada por incidentes ligados ao fato de ele não ter sido vacinado. Bolsonaro discursa na abertura da 76ª Assembleia Geral da ONU
O presidente Jair Bolsonaro participou presencialmente da Assembleia da ONU pela segunda vez (a primeira havia sido em 2019; em 2020, a reunião foi virtual).
Já se sabia que a presença de Bolsonaro em Nova York causaria alguma polêmica porque a cidade tem uma política de restringir o acesso de pessoas não-vacinadas a estabelecimentos fechados como restaurantes e cafés.
Bolsonaro deu diferentes declarações sobre a vacina: já afirmou que será o último a tomar e também já disse que não vai tomá-la.
Bolsonaro tira a máscara para discursar na Assembleia Geral da ONU nesta terça-feira (21), em Nova York.
Reuters
Em sua rápida visita a Nova York, estes foram alguns dos acontecimentos principais:
O prefeito de Nova York disse que se Bolsonaro ‘não quer se vacinar, nem precisa vir’
Sem poder fazer uma refeição dentro de um restaurante, a comitiva presidencial comeu pizza na calçada no domingo;
No hotel, Bolsonaro tomou café da manhã num salão e funcionários não impediram o presidente do Brasil de fazer a refeição num local público fechado, apesar de não estar vacinado;
No encontro com Boris Johnson, do Reino Unido, o presidente disse que não tomou a vacina;
Brasileiros fizeram protestos na frente do imóvel da missão do Brasil na ONU, e ministros responderam com gestos obscenos;
Antes do discurso na ONU, Bolsonaro se encontrou com o presidente Andrejz Duda, da Polônia;
No discurso, Bolsonaro defendeu o “tratamento precoce” contra Covid, ou seja, o uso de remédios sem eficácia.
‘Não precisa nem vir’, diz prefeito de Nova York
Prefeito de Nova York manda recado a Bolsonaro: ‘Se pretende vir, precisa se vacinar’
“Com os protocolos em vigor, precisamos enviar uma mensagem a todos os líderes mundiais, principalmente Bolsonaro, do Brasil, que se você pretende vir aqui, você precisa estar vacinado. Se você não quer se vacinar, nem precisa vir”, disse o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, na segunda-feira (20), em um pronunciamento.
“Todos precisam estar em segurança e juntos, isso significa que todos precisam ser vacinados”, afirmou. “A grande maioria das pessoas nas Nações Unidas, a grande maioria dos estados-membros estão fazendo a coisa certa.”
Bill de Blasio anunciou que montou um ponto de vacinação contra a Covid-19 em um ônibus estacionado em frente à sede das Nações Unidas. O posto seria destinado a “qualquer pessoa” que quisesse se vacinar.
“A cidade está ajudando, estamos com pontos de vacinação do lado de fora da ONU no dia de hoje”, disse o democrata. “E estamos felizes em vacinar qualquer pessoa para manter a cidade segura e para manter todos os envolvidos em segurança”.
Depois disso, o prefeito tuitou uma mensagem em que copiou o endereço de Bolsonaro na rede social: havia um link para os pontos de vacinação na cidade de Nova York.
Sem vacina, Bolsonaro não pode entrar em salões de restaurante
No domingo, o ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, publicou em uma rede social foto do presidente Jair Bolsonaro e sua comitiva comendo pizza na rua em Nova York, nos Estados Unidos, no domingo (19).
O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, come pizza na rua em Nova York, antes da Assembleia Geral da ONU, ao lado do presidente da Caixa, Pedro Guimarães; Luiz Eduardo Ramos, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência; Gilson Machado Neto, ministro do Turismo; Marcelo Queiroga, ministro da Saúde; e outros
Reprodução/Instagram
Na foto estão o presidente da Caixa, Pedro Guimarães; o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Eduardo Ramos; e o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga; entre outros.
Como Bolsonaro vai a Nova York sem se vacinar?
A cidade exige, desde 16 de agosto, que as pessoas apresentem comprovante de vacinação contra a Covid-19 para frequentar lugares fechados, como restaurantes, cinemas, teatros e academias.
Ao comer na rua, a apresentação do comprovante não é necessária.
O presidente brasileiro já disse mais uma vez que não tomou nenhum imunizante — e, por isso, pode ter dificuldades para frequentar diversos locais em Nova York.
Café da manhã no hotel
Na manhã da segunda-feira (20), Bolsonaro tomou café da manhã no hotel, em uma área reservada à comitiva brasileira. Havia uma placa informando que é obrigatória a apresentação do comprovante de vacinação no restaurante.
Sobre o fato de Bolsonaro divulgar que não foi vacinado, um gerente do restaurante, que não quis se identificar, disse que não iria cobrar o comprovante do presidente do Brasil. Questionado se a lei não valia para todos, o funcionário pediu a retirada da equipe da Globo do local.
Encontro com Boris Johnson
Em reunião bilateral com Boris Johnson, o primeiro-ministro do Reino Unido, Bolsonaro disse que não se vacinou.
Boris Johnson elogia vacina contra Covid-19, e Bolsonaro diz que não tomou
Em um vídeo divulgado pela agência Reuters, é possível ver que Johnson recomenda a vacina da AstraZeneca/Oxford, que é produzida também no Brasil em parceria com a Fiocruz.
“É uma ótima vacina. Obrigado, pessoal. Tomem vacinas da AstraZeneca!”, diz ele ao lado de Bolsonaro, que é o único líder entres as maiores economias do planeta que declaradamente não tomou ainda imunizante contra a Covid-19.
Em outro momento, Johnson seguia falando de como a vacina de desenvolvimento britânico é boa. “Já tomei duas vezes”, disse ele, olhando para Bolsonaro e apontando com o dedo como questionando se ele tinha tomado também, ao que o brasileiro responde que “ainda não”.
Ministro responde manifestantes com gestos obscenos
No fim da segunda-feira, a comitiva brasileira foi alvo de protestos no hotel onde a comitiva está hospedada e também em frente ao prédio onde fica o escritório brasileiro que representa o país nas Nações Unidas. O imóvel fica em um bairro no norte de Nova York.
Queiroga responde com gesto obscenos a protestos de brasileiros em NY
Os manifestantes estavam na calçada chamando Bolsonaro de “genocida” e “assassino” e gritando “Fora Bolsonaro”.
Havia também um caminhão com um telão em que a imagem do presidente brasileiro era exibida com palavras que o vinculam às queimadas na Amazônia.
Em um vídeo, é possível ver que Queiroga se levanta do banco do veículo e aponta o dedo médio para o grupo, chacoalhando as mãos sem parar. Os manifestantes também fizeram gestos obscenos em direção à comitiva.
Bolsonaro acenou para o grupo, enquanto o ministro do Turismo, Gilson Machado, sorriu e apontou o celular para os manifestantes. Queiroga também acenou.
Encontro com o líder da Polônia
Andrzej Duda, um político nacionalista e ultraconservador, está há seis anos na presidência da Polônia. Ele teve diversos desentendimentos com a União Europeia, entre os quais se destacam a controversa reforma do Judiciário e as ameaças aos direitos da comunidade LGBTQIA+ e à liberdade de imprensa.
Imagem do encontro entre Jair Bolsonaro e Andrzej Duda, da Polônia, em 21 de setembro de 2021
Reprodução/Twitter
Bolsonaro teve um breve encontro com Duda antes do início da Assembleia. Segundo uma conta oficial do governo da Polônia em uma rede social, os dois conversaram sobre como aumentar o comércio entre os dois países.
Defesa de remédio sem eficácia na Assembleia
Em seu discurso de 12 minutos durante a Assembleia Geral, Bolsonaro defendeu a adoção do chamado tratamento precoce contra a Covid-19, cuja ineficácia já foi cientificamente comprovada.
Ele também atacou o passaporte sanitário, que garante às pessoas que tenham se vacinado contra a Covid-19 a possibilidade de entrar em ambientes fechados, como restaurantes.
Leia a íntegra do discurso de Bolsonaro na Assembleia Geral da ONU
Ele citou dados fora de contexto para dizer que o desmatamento na Amazônia diminuiu, disse que as manifestações de 7 de Setembro foram “as maiores da história” e afirmou que não há corrupção em seu governo. (leia mais abaixo).
Bolsonaro, que foi o primeiro a discursar, disse não entender porque “muitos países, juntamente com a grande mídia” se opõem ao tratamento precoce contra a doença.
“Desde o início da pandemia, apoiamos a autonomia do médico na busca do tratamento precoce, seguindo recomendação do nosso Conselho Federal de Medicina. Eu mesmo fui um desses que fez tratamento inicial. Respeitamos a relação médico-paciente na decisão da medicação a ser utilizada e no seu uso ‘off-label’ [fora do que prevê a bula]. Não entendemos porque muitos países, juntamente com grande parte da mídia, se colocaram contra o tratamento inicial. A história e a ciência saberão responsabilizar a todos”, disse Bolsonaro.
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Fonte: G1 Mundo